
Em agosto de 2015 já está claro que o ano corrente está perdido, com expectativas de retração do PIB entre 1,5% e 2%, e que nos resta olhar para os próximos anos, mesmo já esperando uma estagnação em 2016.
Considerando a piora no dinamismo da economia brasileira desde 2012, com um crescimento médio de 0,8% ao ano entre 2012 e 2015, ela vem apresentando o mais fraco desempenho econômico desde a estabilização da inflação, em 1994. As causas são tanto externas quanto internas e, utilizando o restante da América Latina como controle para os efeitos da crise internacional, é possível inferir que mais da metade da retração do crescimento da economia brasileira entre 2012 e 2015, em relação ao período 2004-2011, é decorrente de problemas internos (entre 55% e 60%).
A crise interna se alastrou rapidamente para o mercado de trabalho em 2015, com retração do nível de ocupação e rápida elevação na taxa de desemprego, com efeitos na redução dos rendimentos reais na comparação com 2014. Ainda é esperado que o processo de deterioração do mercado de trabalho ocorra no segundo semestre de 2015 e também em 2016, visto que o desempenho econômico ainda será fraco no próximo ano e que o mercado de trabalho demora mais para reagir em momentos de recuperação econômica.
Caso o governo federal consiga implementar, pelo menos em parte, as medidas de ajuste fiscal que são necessárias para controlar o déficit orçamentário e a interrupção do processo de elevação da dívida interna em relação ao PIB, o processo de retomada deve ser lento e mais evidente a partir de 2017.
A retração da massa de rendimentos e salários aliada à elevação dos juros, à redução de estímulos fiscais e ao aumento de impostos levou a uma retração importante da demanda com impactos visíveis nos setores de comércio e serviços, grandes setores empregadores de mão de obra nas diferentes regiões brasileiras. Por esse motivo, espera-se que o mercado de trabalho continue em processo de deterioração nos próximos semestres. Em outras palavras, o ano de 2015 vem sendo marcado pela chegada da crise ao mercado de trabalho e aos setores de comércio e serviços nas diferentes regiões brasileiras, sendo que esses fenômenos estão associados.
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